Consórcio sorgo e feijão guandu para produção de silagem
A terminação de bovinos em confinamento é uma das etapas mais caras do sistema de produção. Medidas que possam reduzir os custos de produção, nesta fase do sistema, são fundamentais para melhorar o lucro da atividade. Uma alternativa para isso é o uso da silagem de sorgo com feijão guandu.
O plantio em consórcio do sorgo com o feijão guandu, também conhecido por feijão guando ou ainda feijão andu, é algo ainda recente no Brasil, mas com grande possibilidade de gerar resultados; principalmente na terminação de bovinos em confinamento, onde a ração tem participação importante nos custos da atividade. Sendo assim, alternativas que viabilizem ao menos a redução no uso de rações sempre é algo muito bem vindo. Estudos indicam que já na primeira colheita podem ser obtidas cerca de 2.300 ton/ha de silagem de sorgo com feijão guandu, o que pode representar uma economia de até 30% nos custos com ração.
Essa redução no custo com concentrado se deve ao incremento em teor de proteína bruta que o feijão guandu proporciona na silagem. Desta forma, é possível evitar a compra de grãos para complementar a alimentação no cocho e ainda se pode produzir a silagem com maior qualidade na propriedade, o que reduz ainda mais os custos.
Feijão Guandu
O feijão guandu é uma planta que se adapta bem ao consórcio com gramíneas, segundo estudos da Embrapa, demonstrando um bom desenvolvimento sem prejuízo para as duas culturas. Além disso, o feijão guandu é benéfico sob dois aspectos: o primeiro é que é uma planta que fornece mais proteína na silagem e o segundo, por ser uma planta benéfica para o solo, pois por ser uma leguminosa, tem a capacidade de fixar o nitrogênio atmosférico, reduzindo assim, os custos com adubação nitrogenada e melhorando as características do solo.
A utilização deste consórcio pode ser útil também para a recuperação de áreas degradadas, uma vez que pode ser implementado em diferentes extensões da propriedade, obtendo-se o benefício do feijão guandu como fixador de nitrogênio no solo. Em estudo realizado em uma propriedade, verificou-se uma melhoria na taxa de lotação de 0,7 para 3 UA/ha com a utilização deste sistema. Há algumas opções de feijão guandu, que são utilizadas para o consórcio, como o feijão guandu cv. Fava Larga, feijão guandu cv. BRS Mandarim e o feijão guandu Super N.
Sorgo Forrageiro
Para o cultivo do sorgo consorciado, deve-se optar por uma cultivar de sorgo forrageiro para silagem, como o sorgo Podium, sorgo BRS 658, sorgo Ponta Negra, sorgo BR 601, dentre outros. São híbridos desenvolvidos para proporcionar forragem de elevada qualidade, com estabilidade de produção, resistentes a períodos secos e adequados ao processo de silagem. Sua produção de massa verde pode chegar a 50 t/ha. Em geral, apresentam porte alto e ciclo de 90 a 100 dias, quando atingem o ponto de grãos leitosos, sendo o ideal para ensilagem. O sorgo proporciona uma silagem com alta digestibilidade e teor de proteína bruta médio de 8%.
Como realizar o plantio?
Para o plantio do sorgo em consórcio, deve-se observar as características do solo e assim fazer a correção necessária com calcário, pois requer boas condições químicas para expressar seu potencial produtivo. O plantio é recomendado na época das águas, a partir de outubro, ou no período de safrinha de fevereiro a março.
Pode ser feito com espaçamento de 45 cm nas entrelinhas, de forma alternada entre as culturas, ou seja, uma linha de guandu, uma linha de sorgo. É recomendado 15 kg de sementes de sorgo/ha no plantio em linha, a uma profundidade de 3,5 cm. A adubação de plantio é realizada segundo os resultados da análise de solo e o adubo deve ser aplicado abaixo e ao lado das sementes. É recomendada uma adubação de cobertura com nitrogênio e potássio, quando a planta de sorgo apresentar 6 folhas totalmente expandidas.
A grande vantagem é que em uma mesma operação é possível plantar as duas culturas e depois fazer a colheita para ensilagem simultaneamente.
Na produção do sorgo para forragem, é essencial prestar atenção ao equilíbrio entre adubação nitrogenada e potássica. São nutrientes bastante exigidos e em diferentes épocas de desenvolvimento da cultura. O potássio é bastante exigido no desenvolvimento vegetativo, assim é fundamental fazer a complementação com adubação em cobertura, no máximo, até 4 semanas após a emergência das plantas ou quando apresentarem 6 folhas totalmente desenvolvidas.
Já o nitrogênio é requerido no desenvolvimento vegetativo e na fase reprodutiva. O ideal é que a adubação nitrogenada em cobertura seja dividida em duas partes, a primeira junto com a aplicação de potássio e a segunda quando a planta de sorgo apresentar até 12 folhas totalmente expandidas, o que ocorre em média 2 semanas após a primeira aplicação. Caso não seja possível parcelar a adubação nitrogenada, deve-se dar preferência para aplicação total quando a planta de sorgo apresentar 4 folhas expandidas.
Ainda no que se refere a adubação, deve-se haver um equilíbrio entre o N e K, pois altas adubações com N devem ser acompanhadas de complementação com K, para se evitar o acamamento das plantas. Plantas acamadas dificultam a colheita do material para ensilagem.
Portanto, o uso do consórcio de sorgo com feijão guandu mostra-se como uma excelente alternativa para a produção de silagem de qualidade nutricional elevada, para a terminação de bovinos em confinamento. Ainda tem a vantagem de ser produzido na própria propriedade e melhorar as características do solo, pela fixação de nitrogênio atmosférico proporcionado pelo feijão guandu.