Terminação de bovinos a pasto: mais carne e menos custo!

27/10/2017 11:22

A produção de bovinos a pasto é uma das opções mais simples e econômicas, sendo a base da pecuária de corte no Brasil. No geral, as criações são feitas de forma extensiva, com um período de produção longo e com raças rústicas, como os zebuínos.

Um dos desafios da alimentação exclusiva com forrageiras é a dificuldade de fornecer todas as condições para que os animais expressem o seu potencial de crescimento. Aliado a isto, temos a estacionalidade de produção no Brasil; ou seja, um período do ano que ocorrem as chuvas (por isso, temos uma grande oferta de forragem) e outra época em que é seca, fazendo com que a produção de forragens caia bastante. Desta forma, os animais ganham peso na época das chuvas e perdem peso na época da seca, sendo este efeito conhecido popularmente como “boi sanfona”. Este fato dificulta a terminação dos bovinos a pasto.

Como otimizar a terminação de bovinos a pasto?

Para evitar isso, uma série de medidas, como: escolha da espécie forrageira, manejo da pastagem e do pastejo, adequação das raças, uso de suplementação no cocho, entre outras, podem ser adotadas para que se consiga a produção de bovinos a pasto no menor tempo possível e com um acabamento de carcaça adequado.

Terminação de bovinos em confinamento

O modelo mais considerado para terminação dos bovinos é o confinamento. Nele, os animais recebem suplementação no cocho, rica em energia, proteína e minerais, permitindo ganhos elevados de peso por dia.

No entanto, uma alternativa para o pecuarista seria a terminação dos bovinos a pasto ou também chamado de “confinamento” a pasto. Neste modelo de exploração, os animais recebem suplementação alimentar (cerca de 1,5 a 2% do peso corporal) enquanto são mantidos no pasto. O suplemento visa fornecer as necessidades em proteínas, energia e minerais mais requisitados pelo animal em fase de terminação e a pastagem entra como volumoso necessário para o equilíbrio do rúmen.

Vantagens da terminação de bovinos a pasto

Este sistema de terminação tem muitas vantagens, pois elimina os custos de construção de um confinamento e aquisição de maquinário. Ainda se consegue uma melhor conversão alimentar e carne com atributos de qualidade superiores.

Um ponto importante a se observar é sobre o manejo da suplementação alimentar. Ela deve ser feita na fase em que a forrageira começa a amadurecer e, com isso, ela perde em qualidade nutricional, o que geralmente começa a ocorrer na transição da época das águas para a seca.

Outro ponto a ser considerado é que: neste sistema, a pastagem tem a função do volumoso, que seria fornecido no sistema de confinamento e, por isso, precisa estar disponível em quantidade suficiente para o período seco do ano (fase em que geralmente ocorre a terminação).

Como medida, adota-se o diferimento da pastagem, que nada mais é do que vedar uma área, para permitir o crescimento da forrageira e, assim, garantir um “estoque” de pasto para o período seco. Em geral, recomenda-se o acúmulo de 4 a 6 toneladas de matéria seca para permitir uma terminação em média de 60 dias a uma taxa de lotação de 1 a 2 UA/ha.

Outro ponto chave para o sucesso deste sistema é a escolha dos animais. O ideal é que eles estejam bem próximos ao ponto de abate. Como exemplo, se a intenção é o ganho de peso de 1kg/dia e peso final para abate de 460 kg, os animais escolhidos devem ter 400 kg, considerando um período de terminação de 60 dias, no máximo.

Terminação Bovinos Pasto

Se optar por novilhas de 320kg, também é possível a terminação em pasto, já que necessitam ganhar de 50 a 70 kg para peso final de abate. A recomendação é que, preferencialmente, sejam usados machos castrados ou fêmeas para um acabamento mais uniforme a pasto. Os lotes de animais devem ser homogêneos quanto a idade, peso, sexo e temperamento (animais mansos separados dos bravos).

A forma como o suplemento é fornecido aos animais é igualmente importante, pois deve ser confortável para chegarem até o cocho. É recomendado 60 cm lineares de cocho/cabeça, sendo o acesso de todos os lados. A altura ideal é de 70 cm acima do solo. Estas características vão evitar a competição e facilitar o consumo por todos os animais do lote, melhorando assim a uniformização do rebanho.

No que diz respeito às forrageiras, as mais recomendadas para esta finalidade são as que apresentam uma perda do valor nutritivo lenta ao longo do tempo. Entre elas, estão os capins do gênero Braquiária (Debumbens, Marandú), Cynodon (Coast cross, Tifton, “Vaquero”), Digitaria (Capim pangola), Panicum (Tanzânia, Mombaça, BRS Tamani), Pennisetum (Capim elefante) e Andropogon (Planaltina e Baeti).

Em relação a viabilidade econômica, a adoção deste sistema deve ser feita de forma racional, visto que os suplementos tem um alto custo e depende de vários fatores, como: preço da arroba no mercado, o acesso a suplementos na região produtora, custo de manutenção dos animais por mais tempo no pasto, entre outros.

Portanto, a terminação de bovinos a pasto pode ser uma excelente alternativa para o produtor que não pode investir em um confinamento. Deve-se garantir uma boa disponibilidade de forragem no período seco do ano e fazer uso da suplementação de forma técnica para se obter o melhor retorno econômico.

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