Controle de ervas daninhas em pastagens: O que fazer?
Erva Daninha - O que é?
As plantas daninhas são definidas como plantas que se desenvolvem em um local indesejado, causando prejuízos à cultura principal da área. Elas têm características em comum, como: diversidade na forma de reprodução (sementes, partes vegetativas); conseguem crescer e produzir sementes em ambientes climáticos diversos e em diferentes condições de solo; as sementes apresentam mecanismos de dormência que as fazem persistir no ambiente até que as condições ideais para germinação estejam disponíveis; produzem uma elevada quantidade de sementes por planta; tem sistema radicular abundante; entre outras.
Os principais problemas causados pelas plantas daninhas em pastagens são:
- competição por luz, água, nutrientes e espaço que seriam utilizados pela forrageira principal;
- redução da capacidade de suporte da pastagem;
- podem ser ambiente para o desenvolvimento de parasitas;
- envenenamento do rebanho por plantas tóxicas;
- podem causar ferimentos nos animais.
Tipos de Ervas Daninhas
Existe uma série de plantas que são consideradas daninhas. Abaixo, na Tabela 1, estão listadas as principais que ocorrem nas pastagens do Brasil.
Tabela 1. Plantas daninhas encontradas em pastagens do Brasil
Nome comum | Nome científico |
Alecrim do campo | Brachiaria dracunculifolia |
Arranha gato | Acacia plumosa |
Arnica | Solidago chilensis |
Algodão de seda | Calotropis procera |
Assa peixe branco | Vernonia polianthes |
Assa peixe roxo | Vernonia westiniana |
Babaçu | Orbygnia speciosa |
Bacuri | Attalea phalerata |
Cafezinho | Palicourea marcgravii |
Cajussara | Solanum rugosum |
Cambara | Lantana câmara |
Carqueja | Bacharis trimera |
Canela de perdiz | Croton grandulosus |
Camboata | Tapirira guainensis |
Ciganinha | Memora peregrina |
Cipó de São João | Pyrostegia venusta |
Espinho agulha | Barnadesia rósea |
Fedegoso | Senna occidentalis |
Fedegoso branco | Senna obtusifolia |
Guanxuma | Sida spp |
Jurubeba | Solanum paniculatum |
Lobeira | Solanum lycocarpum |
Lacre | Visnia guianensis |
Leiteiro | Peschiera fuchsiaefolia |
Limãozinho | Acantocladus brasiliensis |
Mata pasto | Eupatorium laevigatum |
Mata pasto | Eupatorium maximilianii |
Mata pasto | Eupatorium squalidum |
Malicia | Mimosa invisa |
Pata de vaca | Bauhinia forficata |
Tarumã | Vitex montevidensis |
Taboca | Guadua angustifolia |
Tucum | Astrocaryum tucuma |
Fonte: Victoria Filho, 2011.
Os métodos de controle aplicados variam de acordo com as características do local, os tipos de plantas daninhas encontradas na área, condições de solo e clima, tamanho da área da pastagem e nível tecnológico da propriedade.
Os primeiros passos a serem dados, antes de se definir qual a metodologia de controle a ser aplicada, refere-se a identificação das espécies presentes, a densidade das mesmas na área e sua distribuição. Isto facilita o planejamento e a execução do método de controle que melhor se adequa à propriedade.
Métodos para controle de plantas daninhas em pastagens
Controle preventivo
Este tipo de controle tem como característica a junção de diferentes práticas com o objetivo de evitar a introdução, o desenvolvimento e/ou a disseminação de plantas daninhas em áreas que ainda não foram infestadas. Dentre estas práticas, podemos citar a compra de sementes de qualidade. A legislação brasileira de sementes estabelece que algumas espécies de plantas daninhas são proibidas dentro de um lote de sementes para comercialização, evitando assim que o pecuarista introduza outras plantas daninhas em sua propriedade. Na propriedade, é de responsabilidade do produtor evitar a introdução de novas espécies e sua disseminação.
Controle cultural
São práticas que auxiliam a forrageira a se estabelecer da melhor forma na área, favorecendo ainda o seu pleno desenvolvimento. Dentre estas práticas, podemos citar o uso de sementes fiscalizadas de qualidade, manejo correto da pastagem (como altura de pastejo, altura de saída dos animais, etc.) e uso de forrageira que seja adaptada às condições da região.
Controle mecânico ou físico
A prática mais comum de controle mecânico é o uso da roçagem. Ela pode ser feita de forma mecânica, por meio de roçadeiras, ou manual, com foices ou facões. A escolha da melhor maneira vai depender do tamanho da área e do tipo de planta daninha presente. O produtor deve se atentar que o uso de roçagem por si só não é um método eficaz de controle. A roçada elimina somente a parte aérea da planta, fazendo com que as raízes fiquem mais vigorosas e assim acabem se aproveitando dos nutrientes e água que poderiam ser utilizados pela forrageira.
Controle químico
Para o uso do controle químico, é fundamental que o herbicida utilizado tenha total seletividade para a forrageira, permitindo que ela se desenvolva normalmente, sem prejuízos ao seu rendimento. Em áreas de pastagens, é comum ocorrer diversos tipos de plantas daninhas. Assim, é uma prática comum fazer o uso de misturas de herbicidas com ingredientes ativos diferentes, para assim controlar uma maior diversidade de plantas invasoras.
O controle químico pode ser realizado em duas situações:
- Em pastagens novas ou reformadas, após as etapas de preparo do solo, é muito comum o crescimento de plantas daninhas que estavam no banco de sementes do solo. Deve-se acompanhar o desenvolvimento destas invasoras e um controle, para evitar sua infestação entre 30 a 40 dias após a germinação. Normalmente, se empregam doses baixas de herbicida, permitindo um custo menor da operação e melhor eficiência no controle das invasoras.
- Em pastagens já estabelecidas, com cobertura adequada da gramínea forrageira e com reinfestação de plantas daninhas. Neste caso, em função do nível de infestação, a aplicação poderá ser feita em área total ou dirigida. Em caso de plantas que tenham atingido um porte alto ou apresentem flores, deve-se fazer previamente uma roçada cerca de 40 a 60 dias antes a aplicação do herbicida. Desta forma, temos mais eficiência no controle e redução da quantidade de herbicida empregado.
Na tabela 2, encontram-se os principais herbicidas recomendados para pastagens e suas doses para aplicação em área total.
Tabela 2. Principais herbicidas empregados em pastagens e suas doses
Princípio ativo | Dosagem recomendada |
2,4-D | 1 a 2 L/ha |
Associacão 2,4-D + picloram | 4 a 6 L/ha |
Fluoxipir-MHE | 1 a 2L/ha |
Glyphosate | 0,5 a 5 L/ha |
Paraquat | 5 a 11 L/ha |
Tebuthiuron | 2 a 8 g i.a. (ingrediente ativo) |
Triclopyr | 5 a 20 ml calda/planta |
Fonte: Claudino et al., 2011.
As plantas daninhas podem ser um grande empecilho para a longevidade das pastagens, por isso, seu controle deve ser sempre uma prioridade. Converse sempre com um engenheiro agrônomo para uma recomendação específica de controle de plantas daninhas na sua propriedade.