Capim Marandu: O famoso “Braquiarão” ou “Brizantão"!
Por José Pinsetta
Engenheiro Agrônomo
As forrageiras do gênero Brachiaria são as mais utilizadas em pastagens para alimentação de bovinos no Brasil, representando cerca de 85% das pastagens cultivadas. Destaca-se entre elas a Brachiaria brizantha que está no mercado há mais de 30 anos. O nome da cultivar, Marandu, é originário do idioma Guarani e significa “novidade”, o que foi considerado como uma nova alternativa para as pastagens do cerrado. Outros nomes populares para a cultivar são brizantão e braquiarão.
É uma cultivar originária da África, de uma região onde os solos apresentam boa fertilidade e volume anual de chuvas da ordem de 700 mm e cerca de 8 meses de seca no ano. Assim, apresenta boa tolerância a períodos de estiagem.
Características da Brachiaria brizantha cv. Marandu
É uma planta que cresce formando touceiras, de tamanho robusto com altura variando de 1,5 a 2,5 m de altura, com folhas de crescimento ereto. Inflorescências apresentam até 40 cm de comprimento. As principais características que diferenciam a cv Marandu das demais cultivares de B. brizantha são:
- plantas sempre robustas;
- apresenta pilosidade na porção do ápice dos entre-nós;
- bainhas pilosas e lâmina foliar largas e longas, com margens não cortantes.
Além disso, apresenta alta adaptação às condições do cerrado brasileiro, justificada pela alta produção da forrageira, boa persistência e capacidade de rebrota, tolerante ao frio, à seca e ao fogo.
Formação da pastagem
Como para qualquer forrageira, é necessário fazer uma análise do solo para que se possa fazer a recomendação de calagem e adubação.
A semeadura pode ser feita à lanço ou com o uso de semeadeiras em linhas. Para formação dessa gramínea são empregadas de 10 a 12 kg/ha de sementes de alta pureza revestidas, na utilização de sementes convencionais sempre adquira sementes com bom valor cultural, acima de 48%. Não é recomendado utilizar sementes recém colhidas pela dormência que apresentam. Sementes colhidas no verão devem ser armazenadas e podem ser semeadas na primavera seguinte, quando ocorre a quebra natural da dormência.
A época de semeadura recomendada é no período das águas que vai de outubro a março nas condições de cerrado, no entanto, a melhor época está situada entre os meses de novembro e dezembro. No que se refere à profundidade de plantio, o recomendado é de 2 a 4 cm.
Tem excelente resposta à aplicação de fósforo onde foi observado um aumento na produtividade de matéria seca de 8 para 20 t/ha com a aplicação de 400 kg/ha de fósforo/ha. O fósforo pode ser aplicado na forma de Superfosfato simples ou Superfosfato triplo, por exemplo.
Adubação de manejo
Para a manutenção da pastagem em níveis excelentes de produtividade, é necessário fazer a reposição de nutrientes no solo ao longo do desenvolvimento da planta. Entre eles, destacam-se o fósforo, potássio e enxofre, associados com aplicação de calcário anualmente. Essa prática evita que a pastagem seja degradada e assim garantir uma produção que permita o ganho de peso animal satisfatório por área.
O capim Marandu é muito utilizado em sistema de pastejo contínuo, o que requer que adubações anuais sejam realizadas empregando-se em média 50 kg/ha de nitrogênio, que pode ser parcelado ao longo da estação chuvosa. Em solos pobres, ainda é recomendada a adubação de manutenção com cerca de 80 kg/ha de P2O5 e 80 kg/ha de K2O, anualmente.
Pragas
Como a maioria das gramíneas forrageiras, a cigarrinha das pastagens é uma praga importante para esta cultivar. O capim Marandu apresenta resistência do tipo antiobiose às cigarrinhas, indicando que mesmo a cigarrinha adulta pondo ovos nas pastagens formadas, grande parte das ninfas não conseguirá se desenvolver, evitando prejuízos à forrageira. Outra característica importante é a alta densidade de pêlos na bainha do Marandu que faz com que seja uma barreira física contra o ataque do inseto.
Manejo da pastagem e produção
O capim Marandu é muito utilizado em sistema de pastejo contínuo, porém pode ser empregado em sistema de pastejo rotacionado. Para este fim, é recomendado uma altura de entrada dos animais de 30cm e saída com 15cm de resíduo.
Se a pastagem for manejada em sistema rotacionado, outra mudança deve ser feita na adubação, cerca de 100 kg/ha/ano de nitrogênio.
O manejo intensivo de pastagens de Marandu só é possível durante a época das chuvas, ou em condições de pastagens irrigadas. Na época seca torna-se necessário adotar práticas de suplementação e conservação de forragem para manter a capacidade de lotação das pastagens. O capim Marandu é uma forrageira recomendada para o diferimento de pastagens. O diferimento consiste em reservar uma área para acumular grande quantidade da forrageira, para ser pastejada na época de menor oferta de forragem juntamente com uma suplementação no cocho.
A produção do capim Marandu é de cerca de 16 toneladas de matéria seca/ha/ano, sendo 80% dessa produção no período das águas. No que se refere à qualidade nutricional, este capim pode fornecer na faixa de 11% de proteína bruta no período das chuvas e cerca de 6% no período seco do ano.