Sobressemeadura de aveia e azevém em pastagens tropicais

26/01/2018 12:30

A reduzida oferta de forragem no período seco do ano é um dos grandes limitadores da produção de animais a pasto, sendo necessária a suplementação com volumoso e concentrado.

Uma opção para se prolongar o período de disponibilidade de forragem é pela utilização da sobressemeadura de forrageiras de inverno em pastagens tropicais.

Duas espécies se destacam para a formação de pastagens de inverno: o Azevém (Lolium multiflorum) e a Aveia (Avena spp). Estas espécies possibilitam aumento da produção de forragem na época seca do ano, aumentando-se assim, o período em que os animais tem acesso ao pasto. Além disso, as forrageiras de inverno possuem alto valor nutritivo, com elevados teores de proteína bruta e alta digestibilidade.

Azevém

O Azevém é uma planta rústica e com alto vigor, apresenta grande perfilhamento e boa produção, respondendo bem às adubações. Seu valor nutritivo é alto, com elevado teor de proteína bruta, de fácil digestão e com alta palatabilidade para ruminantes.

O Azevém é uma gramínea que apresenta boa tolerância ao pisoteio e com período de pastejo que pode chegar a cinco meses. Das espécies forrageiras de inverno, é a que se destaca por maior produção de massa verde. Sua capacidade de rebrota é alta e consegue ressemear naturalmente. Pode produzir de 2,0 a 6,0 toneladas de matéria seca/ha.

A Aveia é uma espécie rústica, pouco exigente em fertilidade de solo, caracteriza-se por seu crescimento vigoroso e tolerância à acidez do solo. É a espécie que se desenvolve mais precocemente entre as forrageiras de inverno. A época de semeadura é de março a julho e pode ser feita na forma de sistema de plantio direto ou a lanço. Quando semeada em linha, indica-se o espaçamento de 17 a 20 cm entrelinhas. A profundidade de semeadura indicada é de 3 a 5 cm. Quando semeada a lanço, deve-se usar 30 a 50% a mais de sementes.

A sobressemeadura consiste em implantar uma cultura anual em uma área já ocupada por outra cultura perene, mantendo as duas em consórcio. Desta forma, beneficia-se de um período em que a pastagem está com baixa produção (período de inverno). No Brasil, é mais comum a utilização da sobressemeadura em pastagens de Cynodons e Panicuns, de baixo porte e em áreas de fertilidade do solo alta, onde são encontradas condições ideais de cultivo para essas forrageiras de inverno.

Se consideramos o plantio destas forrageiras na região Sudeste do Brasil, devemos optar por áreas de boa fertilidade, onde a saturação por bases está em torno de 80%, solo com elevada quantidade de matéria orgânica e com possibilidade de irrigação, pois nestas regiões, as chuvas são bastante reduzidas no inverno, evitando-se a queda da produtividade da forragem.

O primeiro passo antes de realizar a sobressemeadura, é fazer o rebaixamento da pastagem que já está estabelecida. Deve-se deixá-la na altura de saída de pastejo dos animais. A semeadura é feita a lanço, em geral, misturando-se as sementes com o calcário ou com o adubo fosfatado. Logo após a semeadura, coloca-se os animais para pastejo para um maior rebaixamento da forrageira, permitindo melhor incidência de luz. A taxa de semeadura recomendada para a aveia é de 70 a 100 kg/ha e para o Azevém, a taxa é de 30 a 50 kg/ha, isto quando o plantio é solteiro, ou seja, quanto uma ou outra espécie é semeada na área; no caso de consórcio, pode-se trabalhar com 15 kg / ha do Azevém e 50 kg / ha da Aveia Preta. É possível optar pelo plantio em linhas onde o gasto com sementes pode ser reduzido.

Aveia

Sobressemeadura Aveia AzevémEm áreas de sobressemeadura de Aveia, o primeiro pastejo pode ser feito por volta de 30 a 40 dias após a semeadura, quando as plantas estão com uma altura de 30 e 40 cm. O animais podem pastejar até uma altura residual de 10 cm, o que permite uma rebrota eficiente. Na sobressemeadura do Azevém, o pastejo inicial pode ser feito por volta de 45 e 55 dias após a semeadura, quando as plantas apresentam altura de 20 a 25 cm e altura final após pastejo pode ser de 6 a 7 cm.

É importante que os animais sejam colocados a uma gradual adaptação da flora microbiana, para que não haja estresse, por exemplo por diarréia, com o uso do novo tipo de alimento. Com este objetivo, deve-se aumentar pouco a pouco o tempo de pastejo dos animais na área. Inicia-se com 1 hora no primeiro dia, duas horas no segundo, quatro horas no terceiro, até sua completa adaptação, o que ocorre entre sete e dez dias.

Para o sucesso do sistema de sobressemeadura, devem ser observados os seguintes fatores: escolha de cultivares adequados à região; aquisição de sementes de boa qualidade; adequada fertilidade do solo; controle da competição com a forrageira já implantada e uso de irrigação quando necessário.

Portanto, o consórcio de aveia e azevém com gramíneas tropicais é uma forma de manejo de sua pastagem, que mostra-se como opção de pastagem de inverno, tanto para a pecuária de corte, quanto de leite e outras criações, prolongando-se, assim, o período de pastejo dos animais na época seca do ano. Ainda oferece o benefício de melhorar a qualidade da alimentação fornecida aos animais e a redução do uso de concentrados.

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