Estilosantes Campo Grande: Otimize a produção com baixo custo!
A pecuária de corte no Brasil é fundamentada na produção de bovinos em pastagens, diferentemente de alguns países, onde os animais são produzidos, geralmente, em confinamentos. Isso confere a nossa pecuária uma vantagem competitiva, visto que a produção a pasto tem um custo bem menor.
Apesar disso, muitos pecuaristas ainda tem dificuldade em encarar as pastagens como uma cultura agrícola que requer um manejo adequado para sua produção. O resultado disso são pastagens degradadas e de baixa produtividade.
Para aumentar a produtividade, o pecuarista pode lançar mão de várias tecnologias, como a consorciação de pastagens com leguminosas. Este sistema consiste no plantio de forrageiras leguminosas na mesma área que as gramíneas. As plantas leguminosas tem como característica principal a fixação do nitrogênio atmosférico em sua estrutura. O nitrogênio é um dos elementos essenciais para as plantas. Ele promove o crescimento e alongamento celular, atua na formação de proteínas e entra na composição da clorofila, pigmento verde das plantas responsável pela fotossíntese.
Neste artigo será abordado como o pecuarista utiliza o Estilosantes Campo Grande, na forma de consórcio com gramíneas ou como banco de proteínas, para aumentar a produtividade de carne e leite a pasto.
Estilosantes Campo Grande
Dentre as leguminosas, o Estilosantes Campo Grande é uma forrageira que tem diversas utilidades: pode ser utilizada como adubo verde em recuperação de áreas degradadas, consorciação em pastagens com gramíneas, principalmente a Braquiária, e formação de banco de proteína.
Trata-se de uma leguminosa que foi desenvolvida pela Embrapa Gado de Corte no ano de 2000 e é formada por duas espécies do gênero Stylosanthes: o Stylosanthes macrocephala (20%) e o Stylosanthes capitata (80%). De acordo com estudos, o Estilosantes Campo Grande chega a fixar 60 a 80 kg/ha/ano de nitrogênio em áreas consorciadas com capins, onde é semeada em uma proporção de 20 a 40%. Em áreas onde é plantado de forma isolada, como no caso dos bancos de proteínas, pode fixar até 180 kg/ha/ano de nitrogênio, quantidade correspondente a 8 sacos de uréia/ha.
É uma planta recomendada para regiões tropicais, onde a pluviosidade varia de 700 a 1800 mm por ano e pouco tolerante a geadas e solos encharcados. Sua produção pode chegar a 14t/ha em plantio isolado e de 3 a 6t/ha/ano, em plantio consorciado. É uma leguminosa rica em proteínas: varia na faixa de 13 a 18%. Se considerarmos somente as folhas, os teores chegam a 22% de proteína bruta.
Como plantar Estilosantes Campo Grande
O Estilosantes Campo Grande pode ser implantado no momento da renovação de uma pastagem ou em áreas já existentes. São empregados de 2 a 3 kg/ha de sementes puras viáveis. As quantidades maiores de sementes devem ser usadas em áreas já existentes de pastagens degradadas, onde pode haver competição com plantas daninhas. A profundidade de cobertura ideal das sementes é de até 1 cm de profundidade. Por isto, deve-se ter extremo cuidado como preparo de solo e cobertura das sementes pois em profundidades maiores as sementes não conseguem germinar.
Para renovação de pastagens, é recomendado o preparo de solo convencional com grade aradora e posterior uso da grade niveladora. Se o plantio for feito em área já estabelecida com gramíneas forrageiras, deve-se, primeiramente, rebaixar a altura da pastagem, colocando os animais para pastejo intenso. É importante considerar a altura de saída recomendada para cada pastagem; no caso da Brachiaria decumbens, por exemplo, 15 cm para retirada dos animais é o ideal. Em seguida, é feita uma dessecação leve para inibir o crescimento da gramínea, até o estabelecimento do Estilosantes Campo Grande. Para isso, emprega-se uma subdose de herbicida glifosato da ordem de 1L/ha. Após, é empregado maquinário de sistema de plantio direto para fazer a semeadura.
Os primeiros 90 dias após o plantio são fundamentais para se estabelecer o consórcio entre as plantas. Por isso, deve-se evitar a competição entre as forrageiras. Uma das alternativas é colocar animais leves (bezerros, etc.) para pastejar a área 30 a 40 dias depois da semeadura em pastagens já formadas, ou cerca de 50 dias após o plantio, para áreas recém formadas.
No caso de banco de proteína, o Estilosantes Campo Grande é semeado puro na área, considerando-se uma taxa de semeadura de 05 a 06 kg / ha. Após o estabelecimento, os animais são levados para pastejo por um curto período de tempo (em torno de 02 horas por dia), para se alimentarem da leguminosa e, em seguida, serem transferidos para outra área com capim.
Vantagens da utilização de Estilosantes Campo Grande
Graças a fixação biológica do nitrogênio, o consórcio melhora, inclusive, o teor de proteína nas gramíneas. Outras vantagens são o aumento da taxa de lotação da área e ganhos consideráveis em produtividade, no que se refere a carne e ao leite, ganhos que podem chegar a 25% e 40%, respectivamente. Os benefícios máximos são observados a partir do terceiro ano do estabelecimento da pastagem consorciada. Nesta fase, ocorre o aumento da liberação do nitrogênio existente na matéria orgânica da leguminosa, sendo então aproveitado pelas plantas.
É preciso ter em mente que, para garantir a persistência da leguminosa na área, é necessário manejar o pasto de forma que durante o período de florescimento e formação das sementes do Estilosantes Campo Grande, seja reduzido o número de animais na área; conforme o tamanho da propriedade, é interessante, inclusive, que a área seja vedada. Desta forma, permite-se a ressemeadura natural do estilosantes, e consequentemente a sua longevidade na pastagem.
Em áreas consorciadas, é recomendado manter a proporção de Estilosantes Campo Grande na faixa de 20 a 40% em relação à gramínea. Se o valor for inferior, o efeito da fixação biológica do nitrogênio é quase imperceptível. Por outro lado, se a proporção de leguminosa for muito grande (acima de 40%), pode causar problemas digestivos nos animais. Quando ingerido em quantidades acima da recomendada, observa-se a formação de fitobezoares, que são fibras do vegetal compactadas em formato de bola. Essas bolas podem obstruir o trato digestivo dos animais e levar até a morte.