Cuidados na utilização do sorgo para pastejo

09/03/2017 16:22

Sorgo Pastejo

Nutrição animal balanceada é uma das maiores preocupações dos pecuaristas e também um de seus maiores desafios. Cerca de 80% da alimentação dos ruminantes possui como fonte o volumoso, por isso, devido à sazonalidade da produção de pastos, recomenda-se a complementação da alimentação.

Quanto mais próxima à realidade do pastejo for essa complementação, melhor será para a saúde animal. A complementação por silo ou mesmo feno não fornecem os mesmos benefícios do pastejo, já que o animal não é autossuficiente na coleta.

Esses benefícios incluem desde um melhor funcionamento do sistema digestivo à sociabilidade entre eles. Além disso, a silagem onera o sistema de produção, e isso justifica o uso de pastagens alternativas para que os animais continuem se alimentando à pasto.

Os principais tipos de sorgo

Existem dois tipos principais de sorgo, o granífero e o forrageiro. No geral, o que os difere é a panícula, quantidade de massa verde, e as funções principais. O sorgo granífero é aquele que possui o “cacho”, geralmente fechado e cheio de grãos, e possui como finalidade justamente a produção de grãos ou sementes, conforme a finalidade do plantio; quando a finalidade é a produção de grãos, estes são fornecidos aos animais na forma de ração (grãos secos) ou na forma de silagem (grãos úmidos). O sorgo possui rendimento praticamente igual ao do milho para alimentação animal, ainda com o benefício de evapotranspirar menos, o que faz com que o uso da água pela planta seja mais eficiente. O sorgo granífero possui porte mais baixo que os forrageiros (até 1,7m de altura) e como o segunda opção, pode ainda ser usado como pastagem e feno. No entanto, não apresenta a mesma eficácia da produção de silagem, já que não possui grande quantidade de matéria verde.

O sorgo forrageiro possui porte mais alto do que o granífero (acima de 2m) e grande produção de matéria verde, o que justifica sua aptidão produtiva, que é o pastejo, forragem para corte e silagem. Ele pode ser plantado nas águas (safra) e também no período de safrinha, geralmente em sistema de sequeiro, e permite de 2 a 3 cortes; suas panículas são abertas e há pequena produção de grãos. Existem, atualmente, várias cultivares de sorgo forrageiro, uma vez que, diferentemente do milho, a maior necessidade hídrica do sorgo ocorre no seu primeiro mês e não durante florescimento e granação.

O sorgo forrageiro possui ainda dois subtipos. O primeiro é o sorgo sacarino, que tem as mesmas características gerais do sorgo forrageiro, mas conta com a presença de um colmo doce e suculento, semelhante ao da cana, e por isso é muito palatável ao gado em geral. O segundo subtipo é o sorgo vassoura, que, como o próprio nome diz, suas panículas possuem o formato de vassoura e são utilizadas justamente para esse fim.

Sorgo na alimentação animal

Alguns cuidados devem ser tomados na utilização do sorgo para alimentação animal. Ele possui altos índices de taninos, que são eficientes para evitar doenças e afastar pássaros e insetos, no entanto, podem causar baixa digestibilidade e palatabilidade.

No caso do uso do sorgo forrageiro para pastejo ou para ser servido verde, um fator deve ser evidenciado: ele possui um elemento tóxico para o gado, o ácido cianídrico, que se associa à hemoglobina do sangue do animal, ocupando o lugar que seria o do oxigênio na célula, formando a cianohemoglobina. Quando isso acontece, a hemoglobina deixa de realizar sua função.

O ácido cianídrico está presente principalmente nos brotos, por isso recomenda-se que o pastejo ou corte só seja feito quando as plantas atingirem de 45 cm até 80 cm de altura. Este porte é atingido 45 dias após a semeadura, isto deve ser considerado tanto para o primeiro pastejo ou corte quanto para as rebrotas.

O sorgo é praticamente tão nutritivo quanto o milho, no entanto, possui a semente um pouco menor, o que pode dificultar o plantio se não houver os implementos adequados para isso. No caso do disco de plantio, por exemplo, deve haver um específico, além do quê, assim como o milho, o sorgo pode ser plantado tanto no sistema convencional quanto no plantio direto. 

Lembrando que, para cada finalidade de produção, há uma densidade populacional adequada – no caso do pastejo, a densidade populacional deve ser maior e, por isso, o custo com sementes pode ser 30% mais caro do que nos plantios destinados a silagem e grãos.

Cuidados na produção de silagem de sorgo

O ponto de partida para uma boa silagem de sorgo é a colheita no ponto certo. A ensilagem deve ser feita quando o sorgo está com um teor de matéria seca entre 30 e 35%. Se o material for colhido fora desse ponto, pode resultar em perdas muito grandes, pois não se aproveita o máximo de qualidade nutricional que o sorgo oferece. Outras perdas podem ocorrer posteriormente, pois há uma má fermentação do material vegetal no silo.

Para a colheita no ponto ideal, deve-se observar a panícula do sorgo. Coleta-se em torno de 10 panículas que representem o estádio vegetativo da maioria da cultura. Quando a metade superior estiver no ponto de grãos farináceos e a metade de baixo na fase de grãos pastosos, podemos dizer que o sorgo apresenta em média 30% de matéria seca. No caso da panícula apresentar-se inteira na fase de grãos farináceos, esta fase corresponde a cerca de 35% de matéria seca. Devemos lembrar que este é um método de caráter prático, de menor precisão. Se o produtor buscar um resultado mais preciso, deve proceder a coleta das plantas e enviar para um laboratório de análises.

Se a cultura for bem manejada, é possível conseguir uma produtividade de até 20 t de massa seca/ha e com excelente qualidade nutricional. Se for utilizado um híbrido com alto desempenho e a colheita for realizada no ponto correto, pode-se conseguir uma alta qualidade com valores de NDT (Nutrientes Digestíveis Totais) superiores a 65% e porcentagem de fibras menor que 55%, valores que indicam uma silagem de boa qualidade; assim, será possível oferecer maior quantidade de forragem para o rebanho e reduzir o gasto com concentrados.

Para a produção de silagem, deve fazer a colheita com ensiladeira para fragmentar a planta em partículas de 0,5 a 2,0 cm. Esse tamanho de fragmento deve ser seguido de forma rigorosa, pois influencia diretamente a boa qualidade da silagem. O tamanho dos fragmentos afetam desde o enchimento do silo, até o processo de digestão dos animais. Silagem com fragmentos pequenos facilitam a mistura com outros alimentos como concentrados, permitem melhor mastigação e digestão e diminuem as perdas na retirada do silo.

Em seguida, é realizada a compactação do material vegetal para criar as condições ideais para que os processos bioquímicos ocorram. Nesta fase, é preciso remover todo o ar presente no meio do material vegetal para que ocorra o processo de fermentação dentro do silo. Para isso, deve-se passar com o trator de forma seguida sobre o sorgo, para que fique bem compactado.

O próximo passo é fazer a vedação da silagem que deve ser feita logo em seguida da compactaçã,o para se obter os benefícios da remoção do ar. Para a vedação, em geral, se utiliza lona plástica preta e coloca-se terra para auxiliar.

Recomenda-se abrir o silo somente após 1 mês da vedação, que é quando se completa o processo fermentativo e a silagem está pronta para ser consumida pelos animais.

Vantagens do sorgo forrageiro  

Principais Tipos Sorgo

No geral, o sorgo forrageiro possui inúmeras vantagens que o tornam competitivo tanto como pasto como para silagem: ele possui limite de data de semeadura mais amplo do que o do milho - característica conferida pela sua rusticidade - que o torna mais resistente à seca e também a ataques de pássaros, plantas daninhas e doenças. Além disso, ele tolera solos de menor fertilidade e até os mal drenados (desde que não sejam alagados durante todo o ciclo).

Falando em fertilidade, o sorgo é muito eficiente na retirada de nutrientes do solo, e esse é um ponto positivo, mas é preciso lembrar que, se for feita a retirada total da matéria (tanto seca quanto verde) da área, também serão extraídos todos os nutrientes que estão na planta. Por isso, atente-se para não exaurir o solo, o que prejudicará a qualidade do mesmo e, consequentemente, da próxima cultura.

E então, você ainda tem alguma dúvida sobre os benefícios do uso do sorgo para alimentação animal? Escreva pra gente pelos comentários e até a próxima. 

Compartilhe:
  • Facebook
  • Twitter
  • Google+