Como fazer o controle de cigarrinhas das pastagens?
A cigarrinha das pastagens é uma praga que tem ganhado destaque nos últimos anos pela sua capacidade de afetar a produção das gramíneas forrageiras de norte a sul do Brasil. Era uma praga de pouca importância até alguns anos atrás, mas isto mudou a partir da expansão da produção de cana-de-açúcar.
A cigarrinha da cana-de-açúcar, que também causa danos à planta, encontra um ambiente muito favorável para o seu desenvolvimento nas pastagens. Esta praga começou a ser um problema, depois do advento da colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Até poucos anos atrás, era permitida a queimada da palhada da cana, antes da colheita; desta forma, o fogo era uma forma eficiente de eliminar as cigarrinhas presentes na área e, assim, fazer seu controle. No entanto, sem a queimada, a população da cigarrinha da cana aumentou de tal maneira, que foi buscar novos ambientes para se alojar, encontrando nas pastagens um ambiente propício para seu desenvolvimento.
As cigarrinhas das pastagens causam danos, pois sugam a seiva do xilema da planta, evitando que os nutrientes sejam utilizados pela forrageira. Ao mesmo tempo, injetam substâncias que prejudicam o seu desenvolvimento. Quando em altas infestações, levam ao amarelecimento da parte aérea da forrageira; desta forma, ela não consegue se desenvolver adequadamente e o resultado pode ser a sua morte.
O surgimento de uma espuma densa e esbranquiçada na parte basal das touceiras de capim é característico em áreas onde há a presença de cirgarrinha das pastagens; ali, encontram-se as ninfas, forma jovem da praga. Na parte aérea das plantas, ficam os adultos sulgando os colmos.
Confira abaixo como fazer o controle de cigarrinhas das pastagens:
Controle químico de cigarrinha das pastagens
O controle químico deve ser feito quando aparecerem as primeiras cigarrinhas adultas na área. Este fato coincide com o início do período das chuvas, época em que as cigarrinhas se reproduzem mais intensamente. O pecuarista deve ter em mente que os inseticidas atuam principalmente sobre os insetos adultos, uma vez que as ninfas se protegem na espuma que produzem na base da planta. Em geral, são necessárias de duas a três aplicações de inseticida no período chuvoso; porém, irá depender das condições de clima e o nível de infestação da praga na área. O produtor deve estar sempre monitorando para identificar focos do inseto.
Para o controle químico, o gado deve ser removido da pastagem, pois os inseticidas são tóxicos para os animais. É importante observar as dosagens e o período de carência do produto, evitando intoxicações do rebanho, período este que pode chegar a 21 dias.
A cigarrinha das pastagens pode ser controlada por uma série de produtos químicos como: Carbaril, o Clorpirifós, o Fenitrotiom, o Malatiom, o Naled e o Tiametoxan+Lambda-Cialotrina. Deve se observar as recomendações do fabricante para a aplicação e sempre consultar um engenheiro agrônomo para uma recomendação adequada.
Controle biológico de cigarrinha das pastagens
O controle biológico é feito por meio de um fungo chamado Metarhizium anisopliae. Este fungo é um parasita que se instala na superfície da ninfa e começa a se alimentar dela, causando sua morte. O uso deste fungo deve ser feito quando a infestação da praga ainda está em níveis considerados médios, cerca de 15 ninfas/m2. A aplicação deve ser feita em condições de umidade relativa superior a 65%, ao final do dia ou em dias nublados. O produto é aplicado diluído em água, com pulverizadores ou aplicação aérea. Quando o fungo encontra as condições ideais para seu desenvolvimento na área, ele tende a se multiplicar e, assim, controlar o aumento da infestação de cigarrinhas ao longo do tempo.
A vantagem da aplicação do produto biológico é que ele é natural, ou seja, não é tóxico para os animais, assim não existe período de carência entre a aplicação e a entrada dos animais na área.
Diversificação de pastagens (Espécies suscetíveis e resistentes)
A diversificação das pastagens é uma alternativa eficiente no controle da cigarrinha das pastagens. Nela, empregam-se diferentes capins que sofrem menor ataque da praga, além de ser um método vantajoso, pois não são necessárias interferências com outros tipos de controle.
As cultivares mais resistentes verificadas para a cigarrinha das pastagens são Brachiaria brizantha cv. Marandu, B. brizantha cv. Piatã, Andropogon gayanus cv. Planaltina, Panicum maximum cv. Mombaça, P. maximum cv. Tanzânia, Panicum spp. cv. Massai, P. maximum cv. Zuri, P. maximum cv. Tamani e o mais recente lançamento da Embrapa, a BRS Ipyporã (Confira também o artigo BRS Ipyporã: alternativa para o controle das cigarrinhas.
Já os capins Brachiaria decumbens, B. ruziziensis, BRS Paiaguás, Tangola e a Grama-estrela são consideradas suscetíveis a certas espécies de cigarrinha das pastagens.
Um outro fator, que o pecuarista deve levar em consideração, é evitar a formação de touceiras muito grandes por meio de um pastejo adequado da área. Quando temos uma pastagem bem manejada, em termos de altura de pastejo, é mais fácil a entrada da luz do sol para atingir o solo; condição essa que desfavorece a multiplicação das cigarrinhas.
É importante ter em mente que o controle de cigarrinha das pastagens deve ser feito de forma integrada, ou seja, com a adoção de um conjunto de medidas, como: uso de cultivares resistentes, controle biológico com M. anisopliae e controle químico, em casos de alta infestação. Aliado a isto, também temos o uso de práticas culturais, como o manejo da altura das plantas, adubação equilibrada, que, somados, vão resultar em um controle da população de cigarrinhas, evitando danos à pastagem.