Adubação do Milho Safrinha: 5 pontos que merecem atenção
Por Wellington Bernardes
Engenheiro Agrônomo
Embora sem uso excessivo de tecnologia agrícola para sua produção, o milho safrinha representa uma importante fonte de renda na entressafra e por este motivo deve-se tomar alguns cuidados na hora da adubação.
O agricultor precisa sempre planejar o resultado que pretende gerar com o milho safrinha para ter a melhor solução de adubação para a cultura.
Na recomendação de adubação para o milho safrinha, é preciso lembrar que a baixa pluviosidade pode afetar a adubação, se feita em parcelamento.
Por esta razão é preferível implantar a cultura em solos com boa fertilidade e que necessitem apenas de aplicações suficientes para as demandas de exportação da cultura.
Antes de qualquer tomada de decisão, é preciso realizar periodicamente análises de solo para obter a melhor recomendação de adubação, realizada por um engenheiro agrônomo.
É preciso também pesquisar sobre as estimativas do milho safrinha para próxima safra, para assegurar que o investimento na cultura é a melhor escolha para o momento.
Abaixo, listamos cinco pontos de atenção na hora de planejar a adubação do milho safrinha.
Demandas do milho
Entender as demandas do milho neste modelo de cultivo é o primeiro passo para otimizar a adubação em sua área.
Conforme análise da Embrapa Milho e Sorgo, os principais nutrientes demandados pelo milho são em sequência:
- Nitrogênio;
- Potássio;
- Cálcio;
- Magnésio;
- Fósforo.
Micronutrientes
A demanda da cultura por micronutrientes é relativamente baixa. Conforme apontamento da Embrapa, em uma produção de 9 toneladas por hectare são extraídos:
- 2.100 g de ferro;
- 340 g de manganês;
- 400 g de zinco;
- 170 g de boro;
- 110g de cobre;
- 9 g de molibdênio.
Mesmo com baixa demanda, a deficiência de micronutrientes afetará os processos metabólicos da planta, comprometendo o crescimento vegetal e produtividade final.
Semeadura
Aplicação de nitrogênio no sulco de semeadura
Para as semeaduras que acontecem no final de janeiro e início de fevereiro é recomendável fertilizantes nitrogenados que apresentam liberação lenta de nitrogênio, como as ureias revestidas com enxofre.
O procedimento viabiliza a liberação lenta e distribuída ao longo do ciclo, sendo uma fonte constante do nutriente para a planta.
É recomendável a aplicação no sulco da semeadura de até 50 kg/ha de nitrogênio, o que seria suficiente para a demanda da cultura em sucessão com a soja.
Neste cenário, a expectativa é de produção de 6 toneladas por hectare, ou 100 sacos/ha.
Fósforo e potássio
Pelo baixo potencial de rendimento do milho safrinha, quando necessário aplicar fósforo ou potássio, as doses serão menores em comparação com a safra normal.
Para solos com teores suficientes destes elementos, é preciso considerar o risco de um déficit hídrico durante o ciclo da cultura e aplicar quantidades demandadas (exportadas) para os grãos.
Segundo Coelho & Alves (2004), para cada tonelada de grão de milho produzida, são exportados de 6 a 10 kg de pentóxido de fósforo (P2O5), valor que aumenta para produtividades acima de 8 t/ha de grãos.
Já para o potássio, Coelho (2005) afirma que os valores variam de acordo com a produtividade e a finalidade de exploração.
Assim, produtividades inferiores a 6 t/ha tem exportação de 4 quilos potássio (K2O), enquanto produtividades acima de 8 t/ha de grãos em exportação de 6 quilos de K2O por tonelada colhida.
Adubação de cobertura
Conforme apontou a Embrapa Milho e Sorgo, quando o milho safrinha é cultivado após a soja ou outra leguminosa de verão, tem-se a classe de baixa resposta à cobertura nitrogenada
Para produtividades de até 3 toneladas de grão por hectare, é dispensada a aplicação de nitrogênio em cobertura. Porém, é preciso aplicar a dose recomendada média de 30 quilos de N/ha na semeadura.
Para solos com texturas médias e argilosas é possível aplicar nitrogênio já na semeadura, porém com atenção para não ultrapassar a dose de 60 kg/ha de N.
Adubação com micronutrientes
Algumas culturas são mais sensíveis que outras a determinados micronutrientes. Para o milho, existe o seguinte padrão de sensibilidade de deficiência:
Alta: zinco;
Média: cobre, ferro e manganês;
Baixa: boro e molibdênio.
Nos campos brasileiros, o zinco é o micronutriente limitante para o desenvolvimento do milho. Na região central do Brasil é muito comum a deficiência por este elemento.
Segundo a Embrapa, diversas pesquisas revelam que a resposta do milho à adubação com zinco é positiva, o que não acontece com os outros micronutrientes.
Recomendações de zinco variam de 2 kg/ha a 4 kg/ha, dependendo da análise de solo.
Quando a cultura apresenta a deficiência em fase de desenvolvimento, é possível aplicar pulverização com 200 litros/ha de solução com 0,5 % de sulfato de zinco, neutralizada com 0,25 % de cal extinta.
Acidez e calagem
O milho possui tolerância mediana às condições de acidez e de toxidez por alumínio. Quando a saturação por alumínio for maior do que 20% a cultura terá perdas em seu rendimento ótimo.
Em experimentos realizados pela Embrapa Milho e Sorgo, houve reduções na produtividade de híbridos de milho, na faixa de 7% a 47% devido ao aumento da saturação por alumínio no solo.
Assim, é recomendável realizar o plantio de milho safrinha em solos que apresentem a acidez corrigida.
A calagem deve ser feita antes da cultura de verão, permitindo que haja tempo para acontecer as reações do calcário no solo.
Quando a área possui saturação de alumínio maior que 20% ou teores de cálcio abaixo de 0,5 cmol dm-3, haverá limitações no desenvolvimento radicular e na absorção de água pela cultura, o que é crítico para o milho safrinha, que não possui irrigação.
Nestas condições, é preferível optar por cultivares que apresentem algum grau de tolerância ao alumínio.
Solos com baixa capacidade de armazenamento de água, como os arenosos, apresentam maior riscos para o cultivo de milho safrinha.
Considerações
- Entender a condição climática para maximizar a produtividade do milho safrinha, com semeadura em época adequada e cultivares adaptadas ao solo e clima da região;
- Evitar solos com problemas de acidez e preferir solos com elevado teor de matéria orgânica;
- O manejo da adubação deve focar no que o solo receberá para exportar para os grãos;
- Uso de sementes de alta qualidade, com elevada taxa de germinação e vigor, atrelado ao tratamento destas com inseticidas para o controle de pragas iniciais e viabilizar a uniformidade de plantas no campo.
Fontes: Circular técnica 111 - Embrapa Milho e Sorgo; Adubação do Milho Safrinha - Douglas de Castilho Gitti - Fundação MS.