Pastagem diferida: estratégia para o período seco
O processo de pastagem diferida é uma técnica em que se reserva o excesso das pastagens do período chuvoso para ser utilizado na época da seca. Geralmente, o pousio ocorre nos últimos 3 meses de chuvas - no caso do ano de 2017, que apresentou chuvas bem equilibradas no período de safrinha, a vedação do pasto deveria ter ocorrido durante os meses de fevereiro, março e abril.
Mas não se pode estender muito esse período, pois quanto maior o tempo de vedação do pasto, menor será a qualidade nutricional e maior o teor de fibras, pois grande parte das plantas estará, quando não morta, em senescência - e é por isso que essa técnica também pode ser chamada de “feno em pé”.
Em um ano como o de 2017, 50% do sucesso do uso desta técnica já estaria garantido pela chuva homogênea. A outra metade se dá pelas boas práticas de conservação do solo; adubação; a forrageira utilizada; e seu manejo. Não adianta fazer o diferimento em uma pastagem degradada: ela deve estar em pleno potencial, por isso uma estratégia como uma adubação nitrogenada pode potencializar (e muito) o acúmulo de forragem.
Todo esse processo tem como objetivo a manutenção do peso do gado na época da seca, para que a quantidade que ele engordou na época das águas seja mantido, sofrendo o mínimo possível com a sazonalidade (gramíneas do gênero Brachiaria acumulam 90% de toda sua produção anual no período de chuva).
A pastagem diferida também tem o intuito de driblar a má distribuição da forragem durante o ano em consequência do mau planejamento. Além disso, há um incremento na lotação do pasto na época da seca. A proporção de uso é de cerca de 1 a 1,5 UA/ha para uma produtividade média de 2,5 a 3 toneladas de matéria seca por hectare, que é um grau de intensificação considerado intermediário.
Quais as melhores forrageiras para a pastagem diferida?
Algumas opções de forrageiras para serem usadas no diferimento de pastagem são a Brachiaria decumbens, Braquiarão, Capim Vaquero, Coastcross, Tifton 85 e Capim Tanzânia, porque possuem características como maior proporção de folhas em relação a hastes e talos e florescimento tardio ou mesmo não florescerem.
A presença dos talos e das hastes, apesar de garantir grande parte da matéria seca, aumenta as perdas por tombamento e causa a redução da eficiência do sistema por limitar a capacidade do animal pastejar a forragem. O momento do ciclo em que a proporção de hastes é acentuada se dá durante o florescimento, é por isso que o gênero Cynodon, que abrange o Coastcross e Tifton 85, é tão indicado para o pastejo diferido.
O gênero Cynodon necessita de vernalização para florescer nas condições tropicais, e é por isso que não floresce, mantendo sempre uma proporção maior de folhas. Mas existem outras formas de controlar o florescimento em diferentes variedades de forrageiras, como pastejos estratégicos para eliminar o meristema do perfilho com indução floral.
O uso de diferentes tipos de forrageiras também pode ser utilizado como minimizador do florescimento, assim como reguladores de crescimento, que apesar de uma opção, ainda não são economicamente viáveis.
A técnica de pastagem diferida, isoladamente, não conseguirá suprir todo o período de seca e manter o gado em pleno vigor, por isso, a melhor opção é levar em consideração todos os recursos disponíveis na propriedade - lembrando que usar várias fontes diferentes de suplementação para o gado tende a ser um pouco trabalhoso, mas seu resultado pode valer a pena.
E então, ficou com alguma dúvida sobre o processo de pastagem diferida? Escreva pra gente pelos comentários e até a próxima.