Consórcio milho e feijão guandu para produção de silagem
Por Wellington Bernardes
Engenheiro Agrônomo
A produção de silagem requer planejamento para que os investimentos realizados no campo retornem em ganho de peso para o animal.
O consórcio milho e feijão guandu é considerado um sistema com grande sucesso em produzir material vegetal com elevado teor de proteína, com custo e manejo relativamente baixos.
Abaixo explicaremos como funciona este sistema e quais suas vantagens para o produtor, solo e para produção animal.
Vantagens
A adoção do consórcio milho e feijão guandu promove diversos benefícios em toda a cadeia de produção, desde o campo até aos ganhos em peso final do animal que recebe a silagem.
Como o sistema utiliza uma gramínea com uma leguminosa, alguns ciclos de doenças são interrompidos em comparação com sistemas que usam somente gramíneas.
Outros ganhos com o consórcio milho x feijão guandu além da quebra do ciclo de doenças são:
- Fixação de nitrogênio na área (Adubação verde);
- Ganhos de proteína na forragem para os animais;
- Descompactação do solo.
Nutrição animal
Segundo pesquisas do Instituto Emater de Nova Cantu, o consórcio de milho com feijão guandu destinado à silagem é responsável por incrementos de até 50% no teor de proteína na matéria verde.
A pesquisa conduzida na unidade da Embrapa em Campo Grande (MS) vai de encontro com este número. Segundo os pesquisadores, uma adição de 10 a 20% de feijão guandu ao plantio de milho promove aumento de até 50% no índice de proteína bruta na alimentação de bovinos.
Confira abaixo os resultados de ganhos de proteínas observados durante o doutorado da bolsista Andreia da Cruz Quintino, da Universidade Federal do Mato Grosso.
Ganhos em proteína
Milho solteiro:
- 61% NDT
- 9% proteína
10% de guandu
- 58% NDT
- 11,5% proteína
20% guandu
- 57% NDT
- 13,5% proteína
Manejo do consórcio
Calagem
Quando recomendada, é observado o uso calcário dolomítico na calagem. Este de ser incorporado em profundidade de 20 centímetros do solo.
Plantio
No Centro-Oeste o plantio é recomendado durante o período das águas para ambas as culturas, que tem início em novembro.
O feijão costuma germinar com cinco a sete dias após o plantio do milho. Com porte semelhante, não acontece competição por nutrientes entre as culturas.
Geralmente o plantio das duas culturas acontece simultâneamente.
Utilizando linhas alternadas, uma linha de milho e outra de guandu,o espaçamento entrelinhas aplicado em campo varia de 40 a 45 centímetros.
Adubação
Um modelo utilizado é a aplicação de aplicação uréia, cerca de 75 kg de nitrogênio por hectare, quando o milho começar a emergir. É possível realizar esta aplicação em até 20 dias desta emergência.
Níveis de fósforo e potássio devem ser avaliados mediante análise do solo para aplicação correta.
Sobre o Feijão guandu
Com sistema radicular agressivo e robusto, o feijão guandu cresce em profundidade, favorecendo a reciclagem de nutrientes e descompactação do solo em camadas mais profundas.
Por sua rusticidade, possui bom desenvolvimento em solos de baixa fertilidade.
É muito utilizado para alimentação animal e fornece elevado teor de matéria seca, inclusive durante períodos secos.
Fixadora de nitrogênio, esta leguminosa auxilia na manutenção da fertilidade do solo. A leguminosa possui capacidade de fixação de 90 a 150 quilos de nitrogênio por hectare em um ano.
Seu ótimo desenvolvimento acontece em solos profundos e bem drenados. Caso cultivado em solos ácidos e de baixa fertilidade, adubação e calagem são necessários.
Algumas cultivares utilizadas são:
O produtor pode pensar ainda no consórcio do guandu com soja ou mesmo com pastagens, o que neste caso é bastante benéfico pensando-se principalmente em recuperação da forrageira principal através da fixação de nitrogênio e melhoria no teor de matéria orgânica da área.