Capins tolerantes a seca: Conheça as melhores opções!
Quando o assunto é a criação de animais em regiões de clima semiárido como o nordeste, ou em condições de extrema seca de determinados períodos do ano, é importantíssimo que o produtor avalie quais espécies de forrageiras utilizar. Neste artigo listamos algumas caraterísticas dos principais tipos de capins resistentes a seca, como Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás, Brachiaria híbrida Mavuno, Brachiaria decumbens, Brachiaria humidicola cv. Llanero, Brachiaria humidicola cv. Humidicola, Setaria sphacelata cv. Kazungula e Cenchrus ciliares - Capim Buffel.
Tipos de capins resistentes a seca
O Brasil tem como característica marcante a produção de animais a pasto, o que proporciona uma vantagem competitiva em termos de custos de produção e qualidade da carne, quando comparado a outros países; no entanto, possui uma vasta extensão territorial caracterizada por diferenças no clima, condições de solo e regime de chuvas.
Em muitas regiões, a época seca do ano é bem marcante e de longa duração, o que dificulta a produção e manutenção de certas espécies forrageiras. Aliado a isso, existe a influência de fenômenos climáticos que intensificam a seca em determinados anos, como é o caso do “El Niño”. Este fenômeno é caracterizado pela elevação da temperatura das águas na região equatorial do oceano Pacífico e alteração no regime dos ventos. Cientistas já identificaram que esse fenômeno ocorre em intervalos de 3-5 anos. O resultado é a ocorrência de secas e veranicos mais intensos.
Além do “El Niño”, outro fenômeno que merece atenção e que afetará diretamente a produção das forrageiras, e culturas em geral, é o aquecimento global. Ele é caracterizado pela elevação da temperatura média no planeta e assim, regiões que antes poderiam ser adequadas para uma cultura, poderão não ser mais.
Desta forma, pesquisadores já trabalham há anos, buscando alternativas para viabilizar a produção de forrageiras em regiões onde a água é cada vez mais escassa.
Sendo assim, relacionamos algumas alternativas disponíveis no mercado, consideradas mais tolerantes a seca:
Andropogon gayanus
Possui boa tolerância a seca, requerendo cerca de 400 mm de chuva por ano. Tem sistema radicular profundo que pode chegar a 1,20m de profundidade. É uma espécie resistente a solos ácidos, ao ataque de cigarrinha das pastagens e ao fogo. Sua rebrota é rápida. Embora apresente boa palatabilidade no período das águas, tem baixo teor protéico (4% a 9%) e no inverno, período seco, perde consideravelmente sua palatabilidade.
Brachiaria brizantha cv. BRS Paiaguás
Cultivar de Braquiária selecionada pela sua ótima produção animal na época da seca. Possui bom valor nutritivo e grande quantidade de folhas. Não possui resistência à cigarrinha das pastagens, porém seu uso se justifica pela versatilidade no período seco do ano. Avaliações realizadas pela Embrapa mostraram um ganho de peso vivo de 45 kg/ha/ano a mais que o capim BRS Piatã.
Brachiaria híbrida Mavuno
A Mavuno é uma Braquiária que, devido principalmente seu sistema radicular robusto, apresenta alta resistência a seca. Pode ser plantada em regiões onde a precipitação anual mínima é de 800mm. Ao contrário da cultivar BRS Paiaguás, possui alta resistência à cigarrinha das pastagens. Deve ser plantada em solos de média a alta fertilidade. Sua produção de matéria seca varia de 17 a 20 t/ha/ano e apresenta alto teor de proteína bruta de 14 a 17%.
Brachiaria decumbens
Ainda é uma das forrageiras mais utilizadas no Brasil em situações mais adversas. Embora susceptível as cigarrinhas da pastagem, suporta solos ácidos, tem baixa exigência em fertilidade de solo e boa resistência à períodos de seca prolongados, devendo ser cultivada em áreas com volume de chuvas superior a 800 mm por ano. Sua produção varia de 6 a 12 t/ha/ano de matéria seca e chega a suportar 1,2 UA (Unidade animal)/ha na seca.
Brachiaria humidicola cv. BRS Tupi
A BRS Tupi é uma ótima opção para diversificação das pastagens. Apresenta melhor desempenho na seca quando comparada a Brachiaria humidicola cv. Humidicola, também chamada de “Quicuia” ou “Kikuio”, e com boa tolerância a seca. Em ensaio realizado pela Embrapa, a cv. BRS Tupi apresentou produção de cerca de 50 kg peso vivo/ha/ano contra 20kg da humidicola comum. Além disso, apresenta resistência à cigarrinha das pastagens e pode ser cultivada em regiões onde pode ocorrer alagamentos temporários.
Brachiaria humidicola cv. Llanero
Adaptada a solos ácidos e de baixa fertilidade, é recomendada para regiões onde a precipitação anual gira em torno de 400 a 600 mm por ano. Assim como outros cultivares da mesma espécie, tem hábito de crescimento estolonífero, ou seja, produz ramas e se alastra por toda área. Tem boa tolerância à cigarrinha das pastagens. Os teores de proteína bruta podem variar de 8 a 10% e possui boa palatabilidade. Sua produção fica em torno de 7 a 10 t/ha/ano de matéria seca. Diferentemente da BRS Tupi e da Humidicola comum, não é recomendada para áreas sujeitas a períodos de alagamento prolongados.
Brachiaria humidicola cv. Humidicola
Cultivar que possui ampla adaptação climática, se desenvolve melhor em regiões com pluviosidade a partir de 600 mm/ano. Se adapta bem em solos ácidos e possui boa tolerância a seca, sombreamento e cigarrinha das pastagens. Tolera bem solos encharcados ou alagados por até 90 dias. A produção chega a 9 t/ha/ano de matéria seca, porém com baixa quantidade de proteína bruta: em torno de 6%.
Setaria sphacelata cv. Kazungula
Tem se destacado por apresentar boa resistência a seca e ao pisoteio. Pode ser cultivada em áreas com precipitação anual acima de 750 mm/ano. Requer solos de média fertilidade e possui alta resistência à cigarrinha das pastagens. Assim como a Brachiaria humidicola cv. Humidicola, também suporta alagamentos temporários. Não sendo recomendada de forma exclusiva para equinos, vacas de cria ou animais fragilizados. A produção de matéria seca varia de 10 a 12 t/ha/ano, com um teor de proteína bruta de 8 a 9%.
Cenchrus ciliares - Capim Buffel
É um capim bastante resistente a seca e pode ser plantado em regiões com volume de chuvas de 350 a 700 mm/ano, suportando período prolongado de seca. Se adapta bem às condições do nordeste brasileiro. Não tolera a cigarrinha das pastagens, nem umidade excessiva do solo. Sua produção varia de 10 a 12 t/ha/ano de matéria seca com teores de proteína bruta de 6 a 12%.
O Brasil possui regiões que apresentam períodos secos prolongados, aliado a fenômenos climáticos que vão afetar cada vez mais a ocorrência de secas e veranicos. Portanto, escolher um capim adequado às condições da região que se pretende formar a pastagem é essencial para seu estabelecimento. Aqui, na Galpão Centro-Oeste, você encontra diversas opções de forrageiras tolerantes a seca para a formação da sua pastagem e consequente sucesso do seu empreendimento. Consulte-nos!
A área do produtor será calcariada e adubada, consta de 1 hectare, será introduzido animais girolando, vacas solteiras, precipitação média da região seria de 600 a 800 mm, geralmente chove pouco em janeiro em diante, dezembro é bem quente e seco. A área não constará de irrigação.
Qual seria o melhor capim a ser plantado, pensando nos custos também.
Att, Gabriela Soares de Araújo, graduanda em Agronomia pelo IFNMG, Campus Arinos.