BRS Ipyporã: alternativa para controle das cigarrinhas
O mais novo lançamento da Embrapa Gado de Corte, o Capim BRS Ipyporã, vem para atender a demanda dos pecuaristas por uma cultivar que tenha boa produtividade, com um manejo de certa forma fácil e, principalmente, um elevado grau de resistência à cigarrinha da cana.
Ipyporã significa “belo começo” na língua guarani e foi nomeado dessa forma por ser o primeiro híbrido de braquiária produzido pela Embrapa.
A BRS RB331 Ipyporã foi obtida pelo cruzamento da Brachiaria ruziziensis que apresenta alto valor nutritivo e da Brachiaria brizantha, que possui resistência às cigarrinhas. O resultado foi um capim que possui alto valor nutritivo para o rebanho e elevado grau de resistência à cigarrinha da cana, principalmente para o gênero Mahanarva.
Resistência às Cigarrinhas
A cigarrinha do gênero Mahanarva é uma praga chave na cultura da cana-de-açúcar que era facilmente controlada no momento da queima dos canaviais. Porém, com o aumento da colheita mecanizada da cana e sem queimada, a incidência da praga aumentou, e desta forma, nos últimos anos, pode-se constatar uma crescente infestação nas áreas de pastagens, já que é uma praga que se adapta muito bem aos capins do gênero Brachiaria.
As cigarrinhas das pastagens vivem, na fase adulta, na parte aérea dos capins. As ninfas, fase jovem do inseto, podem ser vistas na base da planta recobertas por uma espuma branca. Os ovos da praga eclodem com o início das chuvas. Ataques mais severos podem resultar na morte do capim e no aumento da incidência de plantas daninhas, o que torna a pastagem degradada e compromete a alimentação dos animais.
Um dos fatores mais importantes para uma braquiária é ser resistente às cigarrinhas, visto que o controle químico é de difícil aplicação na maiorias das condições de pastejo, nas diversas regiões do Brasil. Desta forma, uma preocupação que se teve no desenvolvimento do capim BRS Ipyporã foi avaliar o seu nível de resistência às seguintes cigarrinhas: Notozulia entreriana, Deois flavopicta, Mahanarva fimbriolata e Mahanarva sp.
Estudos verificaram que a cultivar apresenta resistência do tipo antibiose, que significa que a BRS Ipyporã não é uma boa planta hospedeira para a praga. Principalmente para a cigarrinha Maharnarva, gerando a expectativa de que esse genótipo venha se constituir em excelente alternativa para uso em áreas de cerrado, onde se constata a presença e os danos causados por esses insetos.
Características do BRS Ipyporã
Como se trata de um lançamento, é importante conhecer algumas de suas características. É uma planta que forma touceiras de porte baixo, prostradas, com baixa emissão de estolões e com alto perfilhamento basal; colmos curtos e delgados, com alta pilosidade nas bainhas; folhas lanceoladas e eretas, muito pilosas nas duas faces; inflorescências curtas com 4 a 5 racemos, estigmas roxos e espiguetas uniseriadas com pilosidade ausente ou muito pouca. Fornece 11 a 13% de proteína na matéria seca.
Recomendações de Plantio
Em relação às exigências de fertilidade do solo é um capim pouco exigente. A BRS Ipyporã tolera níveis de saturação por bases entre 35-40% na fase de implantação, e na fase de manutenção inicial. Sua produtividade está em torno de 4815 e 3238 kg/ha nas águas e seca, respectivamente. Outra vantagem é que o Capim BRS Ipyporã responde bem quando é adubado, principalmente ao P (fósforo), mostrando-se como uma boa alternativa para diversificar as áreas de pastagens com B. brizantha cv Marandu.
As recomendações de plantio do capim BRS Ipyporã são parecidas às cultivares Marandu e BRS Piatã. É recomendado semear de 50 a 70 sementes puras viáveis/m2, o que corresponde a 4 a 6 kg/ha de sementes puras viáveis. A semeadura pode ser feita a uma profundidade de 2 a 6 cm, com posterior incorporação com grade niveladora aberta ou diretamente com semeadora regulada no caso de plantio direto.
Pastejo do BRS Ipyporã
O rebanho poderá ser colocado para o primeiro pastejo aos 50/60 dias após a emergência da pastagem se as condições de plantio, fertilidade e de chuva tiverem sido adequadas. Para o manejo da pastagem, estudos da Embrapa mostraram que a altura de entrada ideal é de 30 cm e para saída de 20 cm.
Nas águas, o ganho de peso dos animais varia de 700 a 750 g/cabeça/dia, enquanto que na seca fica em torno de 400 g/cabeça/dia. É importante lembrar que na seca, a taxa de lotação deve ser reduzida para 1/3 daquela utilizada nas águas, considerando um sistema de pastejo rotacionado.
Por todas as características citadas anteriormente, a BRS Ipyporã é um híbrido que se mostra adequado para animais exigentes em nutrição, como é o caso de rebanho de cria e leiteiro.
Assim, pode-se concluir que o capim BRS Ipyporã apresenta a grande vantagem de ser resistente à cigarrinha Mahanarva e possuir um excelente valor nutritivo, fazendo dele um capim versátil, que pode ser utilizado para alimentação de categorias mais exigentes e uma alternativa para diversificação de pastagens do cerrado.