Motobombas: Como dimensionar corretamente?
Por Bruno Baptista Nunes
Engenheiro Agrícola
Com certeza podemos considerar a motobomba um dos equipamentos mais importantes tanto na agricultura, quanto na indústria e construção civil. Na agricultura, a motobomba é o coração da irrigação, transportando a água entre os lugares mais distantes ou pressurizando os mais diversos sistemas. Já nas indústrias, além do transporte, as motobombas executam sistemas hidráulicos complexos e essenciais. E na construção civil pressurizam os mais altos prédios e auxiliam na drenagem de locais que seriam permanentemente alagados, dentre as mais diversas utilidades.
Como dimensionar uma motobomba?
Com esta variedade de possibilidades, é de se esperar que haja uma quantidade enorme de tipos de motobomba, movidas à eletricidade ou à combustão, que fornecem mais vazão ou mais pressão, com pequenas ou grandes potências. Por isso, é muito importante entender para qual finalidade a motobomba é necessária, para assim se chegar ao modelo ideal.
Alimentação da Motobomba
Um ponto muito importante é a disponibilidade de energia que o usuário possui no local. Se há energia elétrica, qual a voltagem disponível, até qual potência da motobomba o cabeamento disponível suporta. Caso não haja disponibilidade de energia elétrica, o usuário poderá optar pelas bombas à combustão, movidas tanto à diesel, quanto à gasolina.
Além da disponibilidade de energia, é importante checar qual é a distância da fonte de água, afinal a bomba vai gastar uma energia considerável para esse transporte e temos que considerar as perdas de carga no processo.
Finalidade do Bombeamento
A finalidade para o qual o cliente necessita de um bombeamento também é muito importante para selecionar o modelo ideal. Por exemplo, para a captação de água de um poço artesiano, pode-se utilizar um bombeamento bem específico e submerso. A escolha ideal vai depender da profundidade desse poço, a vazão de água que se deseja transportar, e a distância entre a fonte de água e o reservatório. O modelo de bomba específico para poços é mais fino e a própria passagem da água provoca seu resfriamento.
Já para drenagem, pode ser que a principal característica de importância seja a vazão da motobomba, e não a pressão de trabalho, afinal se deseja retirar a água, e esta não precisa estar pressurizada para efetuar algum trabalho. Ao contrário da irrigação, na qual tem-se um reservatório, e precisa-se transferir um certo volume de água em uma tubulação pressurizada. Para cada sistema, seja gotejamento, microaspersão, aspersão ou pivôs centrais, existe uma pressão de trabalho ideal. Por esse motivo, a seleção do conjunto motobomba deve ser uma das últimas etapas do dimensionamento. O bombeamento deve servir a vazão demandada em uma pressão ideal para “tocar” o sistema, além das perdas de pressão no trajeto.
Perda de Carga
É muito importante estar atento aos principais pontos de perda de carga, ou seja, de perda de pressão no sistema. Um ponto crítico é a sucção da bomba. Cada modelo de motobomba possui um valor de altura máxima de sucção, e isso deve ser entendido como, além da diferença de altura real entre o nível do reservatório e a bomba, a perda de pressão de todos os elementos que estão entre o reservatório e a bomba, como, por exemplo, registros, curvas, tubulação, etc. Caso o somatório dessas perdas de cargas seja maior do que a altura máxima de sucção, o conjunto motobomba não será capaz de “trazer” a água até ele. Nesse caso, além do sistema não funcionar, provavelmente a motobomba será danificada.
Por esse motivo, é interessante que, ou a motobomba trabalhe “afogada”, ou que a distância entre esta e a fonte de água seja a menor possível. Lembrando que uma bomba “afogada” é diferente de uma bomba submersa. No primeiro caso, ela está instalada fora do reservatório e abaixo do nível de água; já no segundo caso, ela está instalada dentro do reservatório.
As bombas submersas não terão o problema da altura máxima de sucção, porém demandam um investimento maior devido aos seus componentes construtivos e vedação.
Qualidade da Água
A qualidade da água a ser bombeada também é de fundamental importância para a seleção da bomba. Se a água possui resquícios de pequenos sólidos, areias ou pedras, o rotor deve ser especialmente reforçado. Com a velocidade e o atrito, esses sólidos podem danificar as hastes do rotor de maneira irreparável. Se a água a ser bombeada contiver sólidos maiores, o bombeamento também deve ser específico, com rotores semiabertos e proteção adequada do sistema motobomba.
Associação de Motobombas
Em alguns casos específicos, pode ser uma boa opção a associação de duas ou mais motobombas trabalhando em conjunto em um mesmo sistema, em série, ou alternadas.
Quando as motobombas trabalham em série, ou seja, o recalque de uma é ligado na sucção da outra, a vazão de trabalho irá se manter, porém a pressão do conjunto será somada. Este modelo é utilizado quando é necessário um aumento de pressão no sistema.
Já quando as motobombas trabalham em paralelo, ou seja, as sucções são separadas e o recalque interligado, a pressão de trabalho não se altera, porém, a vazão do conjunto é somada. Este modelo é utilizado quando é necessário aumento de vazão no sistema.
Conclusão
O conjunto motobomba é de vital importância no sistema, e deve ser bem dimensionado para não comprometer todo o projeto. Sempre solicite ajuda de pessoal especializado. Caso precise de um conjunto motobomba, seja elétrico, a diesel ou a gasolina, submerso ou externo, entre em contato com o Galpão Centro Oeste. Eles poderão te ajudar e sugerir uma bomba mais adequada às suas necessidades.