Como fazer adubação e calagem de pastagens?

09/06/2017 15:35

Uma etapa fundamental quando se pretende formar uma pastagem é a realização da calagem e adubação. A calagem e adubação de pastagens pode ser definida como a aplicação de calcário e adubos em quantidades previamente estabelecidas, levando em consideração os nutrientes existentes no solo e o tipo de forrageira a ser plantada.

Benefícios da calagem

O objetivo da calagem é diminuir a acidez do solo e fornecer nutrientes como cálcio (Ca) e magnésio (Mg). O cálcio tem a função de promover o crescimento de raízes, aumentando a capacidade da planta de absorver água e minerais do solo. Além disso, a calagem eleva o pH, diminuindo a acidez e o alumínio tóxico, resultando em melhor disponibilidade dos nutrientes para serem absorvidos pelas raízes. Todos estes benefícios vão resultar em uma maior produção de massa fresca e maior longevidade da pastagem, permitindo uma melhor produção dos animais a pasto.

Cálculo de calagem e adubação

Para realizar o cálculo de calagem e adubação de pastagens é necessária uma análise de solo. Esta análise vai determinar a quantidade de nutrientes e a acidez presente, e assim poderão ser feitas as correções adequadas.

A coleta da amostra de solo precisa obedecer alguns requisitos para que seja representativa da área:

1) A propriedade deve ser dividida em glebas ou talhões homogêneos de, no máximo, 10 ha, levando-se em consideração o tipo de pastagem, a topografia e histórico de calagem e adubação da área.

2) Devem ser coletadas no, mínimo, 20 amostras simples por gleba, seguindo um caminhamento em zigue-zague na área.

3) Após, devem ser misturadas de forma homogênea, obtendo-se a amostra composta a qual será enviada ao laboratório para análise, cerca de 300g.

4) Para a coleta da amostra de solo podem ser utilizados trados, enxadões e pás, sendo o trado tipo holandês, o que oferece maior praticidade na coleta de solo.

5) A profundidade de amostragem deverá ser de 0 a 20 cm.

Necessidade de calagem

De posse da análise de solo, o próximo passo é saber como calcular a quantidade de calcário por hectare, também chamada de “Necessidade de calagem”. O método mais usado no Brasil é o da saturação por bases (V%), que tem por princípio a elevação da saturação de bases a valores pré-estabelecidos para cada cultura. A fórmula de cálculo é a seguinte:

N.C. =(V2-V1).CTC

                PRNT

Onde:

N.C. = necessidade de calagem (t/ha);

V2 = saturação de bases recomendada para a planta forrageira que se pretende plantar. É um valor tabelado (%);

V1 = saturação de bases observada em análise de solo (%);

CTC = capacidade de troca catiônica, obtida na análise química do solo (cmolc/dm3);

PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total. Cada calcário possui um valor e este é um indicativo de quanto do produto reagirá com os ácidos do solo (%).

O calcário é classificado em função da quantidade de óxido de magnésio (MgO) presente na sua composição. Pode ser calcítico (menos de 5% de MgO), magnesiano (de 5 a 12% de MgO) e dolomítico (mais que 12% de MgO). A aplicação de um tipo de calcário ou de outro vai depender do total de magnésio e da proporção Ca/Mg obtidos no resultado da análise de solo.

Como fazer calagem e adubação do solo

Uma vez definida a quantidade e tipo de calcário, procede-se a aplicação que pode ser feita com um distribuidor de calcário (esparramadeira), com adubadora pendular ou a disco. Deve ser aplicada 50% da quantidade de calcário antes da aração.

Em seguida, aplica-se o restante do calcário e faz-se a gradagem. Esta divisão da aplicação da dose deve ser feita com o objetivo de melhorar a incorporação e distribuição do calcário no solo. O calcário geralmente demora para fazer efeito porque precisa ser dissolvido na água presente no solo, sendo fundamental a presença de umidade para que aconteça sua ação corretiva. Por isso, deve ser aplicado de dois a três meses antes da semeadura da pastagem a fim de garantir que o calcário faça seu efeito no solo.

Calagem e gessagem

Podem ocorrer casos em que é necessário corrigir o solo em uma profundidade maior de 20 cm. Neste situação, pode-se usar o gesso agrícola (sulfato de cálcio), que graças a sua capacidade de ser mais solúvel, penetra facilmente no perfil do solo, conseguindo chegar às camadas mais profundas e assim, fornecer o cálcio e reduzir o alumínio em subsuperfície.

Adubação do solo

Adubação Calagem Pastagens

Quando falamos em adubação, a fosfatada é a mais importante para garantir o sucesso da formação da pastagem. As forrageiras requerem grande quantidade de fósforo (P) durante o seu desenvolvimento inicial, principalmente nos primeiros 30 dias após a germinação. O adubo pode ser aplicado a lanço, antes da passagem da grade niveladora, ou no momento da semeadura, caso utilize semeadora/adubadora. O superfosfato simples é umas das fontes de fósforo mais utilizadas para esta finalidade.

Uma vez estabelecida a pastagem, a adubação de cobertura é fundamental para garantia do crescimento e produtividade da forrageira. Ela deve ser feita empregando-se nitrogênio (N) e potássio (K). O nitrogênio geralmente é utilizado na forma de Uréia, e o potássio na forma de Cloreto de Potássio (KCl). Normalmente, aplica-se 50 kg de N/ha e de 20 a 60 kg K2O/ha. porém, as quantidades vão depender das condições do solo, tipo de forrageira e sistema de produção.

Por isso, sempre consulte um engenheiro agrônomo para uma recomendação precisa. Esta adubação de cobertura em pastagens é feita de 45 a 60 dias após a semeadura, geralmente quando em torno de 70% da área já estiver germinada, sendo realizada a lanço e de maneira uniforme em toda a área. Um detalhe importante a ser observado quando se aplica a Uréia, é a necessidade de umidade no solo para evitar perdas do adubo por volatilização. Devido a este fato, é recomendado fazer a adubação nitrogenada após ocorrência de chuva, durante os horários mais frescos do dia, ou seja, pela manhã bem cedo ou no final da tarde.

Desta forma, a calagem e adubação são extremamente importantes na momento da formação de uma pastagem. O pecuarista deve ter em mente que a análise do solo é fundamental para fazer o correto cálculo de calagem para pastagem e de que a eficiência da análise de solo está diretamente ligada a uma amostragem bem feita.

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